2. Software aberto e software livre

No início dos anos 80, Richard Stallmann, do Laboratório de Inteligência Artificial do MIT, decepcionado com a forma pela qual as empresas de software passaram a proteger cada vez mais seus códigos através de patentes e mecanismos de direitos autorais, iniciou um movimento que desencadeou, em 1985, a criação da Free Software Foundation. Stallmann, propôs uma lógica diferente da imposta pela indústria quanto à produção e distribuição de programas de computador. A Fundação considera os softwares como um produto científico e cultural que deve estar disponível para todos. Com esta filosofia, a FSF propiciou um entorno de desenvolvimento comunitário, incentivando a produção de programas alternativos aos comerciais que estavam disponíveis e protegendo-os legalmente através de licenças como a GPL (General Public License), que, segundo WILLIAMS (2002), garante aos usuários destes programas quatro liberdades:

  • A liberdade de executar o programa para qualquer propósito;
  • A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo às suas necessidades. Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade;
  • A liberdade de redistribuir cópias, permitindo a ajuda ao próximo;
  • A liberdade de aperfeiçoar o programa e liberar estes aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie. Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.

No final dos anos 90, empresas de tecnologia de ponta, especialmente do Vale do Silício na Califórnia, começaram a utilizar de uma forma mais ampla softwares livres na criação de seus produtos. Esta foi a época do estouro comercial das distribuições Linux (pacotes que incluíam o núcleo do sistema operacional e uma série de aplicativos que podiam substituir sistemas comerciais existentes), quando várias empresas abriram seu capital e passaram a atuar de forma mais agressiva no mercado.

Software livre é a tradução do termo, em inglês, free software. A palavra free, entretanto, na língua inglesa tem dois significados. Richard Stallmann (WILLIAMS op. cit.) distingue-os com os exemplos free as in free beer (free como em cerveja de graça) e free as in freedom (free como em liberdade). Assim software livre diz respeito à liberdade e não à gratuidade.

Em função da dualidade da palavra free, Eric Raymond passou a liderar a defesa do uso do termo open source software (software de código aberto). Este termo também era benéfico às empresas que começavam a utilizar software livre mas tinham receio de seu cunho ideológico. Até hoje o debate entre o uso dos termos open source software ou free software continua. Para o escopo deste trabalho considera-se indistintamente os termos software livre e aberto, levando-se em conta que os projetos aqui considerados têm seu código fonte aberto e o mesmo é disponibilizado de forma livre.



Design: Dobro Comunicação. Desenvolvimento: Brod Tecnologia. Powered by Drupal