Modernas velharias

Nós, os nerds, não somos lá muito certos da cabeça. Por alguma razão, uma parte do nosso cérebro dedica-se à reciclagem de tecnologias passadas. É um pouco diferente do que acontece em casos naturais de saudosismo, que fazem com que os anos 80 resistam, bravamente, até hoje, com o Paulo Ricardo do RPM cantando o tema de abertura do Big Brother Brasil. Até no saudosismo os nerds são diferentes: não basta baixar a coleção completa do B-52s. É necessário ter os álbuns em vinil e gastar uma pequena fortuna para comprar a agulha daquela pickup Sony tangencial para poder ouvi-los. O pior é, depois de comprar a agulha, constatar que a correia de avanço do braço também estragou e não há quem venda essa porcaria!

Além do meu toca-discos e minha coleção de vinil, ainda tenho um MSX (comprado recentemente do Felipe Leme), meu videojogo preferido é o Galaga (que roda muito bem no OpenMSX) e mantenho no portal da Brod Tecnologia um espaço para os que curtem rádios de galena. Meu comportamento só não me preocupa mais porque sei que não estou sozinho!

A revista Wired de novembro de 2007, que o correio acaba de me entregar (coisas da vida no interior) , traz um artigo bem legal sobre a volta dos filmes em terceira dimensão. Até imagino, para um futuro próximo, um espaço nos notebooks onde possamos guardar nossos óculos especiais para assistirmos vídeos em 3D no Youtube. O que achei mais legal, entretanto, foi a reciclagem do zootropo, um brinquedo criado em 1834 por William George Horner. Aqueles que regulam de idade comigo devem ter construído seu zootropo nos tempos de escola. O zootropo é uma espécie de carrossel de imagens, vistas uma a uma por uma pequena fenda. Ao girar o carrosel, a seqüência de imagens dá a ilusão de uma única figura animada. O zootropo foi o precursor do cinema e do gif animado.

O pessoal da Gentle Giant Studios, responsável por boa parte dos efeitos tridimensionais do filme Beowulf, em parceria com a Mova, foi quem criou o zootropo tridimensional. Os movimentos faciais de uma modelo foram capturados quadro a quadro, reproduzidos com uma impressora 3-D e montados em um carrossel iluminado por uma luz estroboscópica. Sem dúvida, existem muitas outras técnicas, bem menos trabalhosas, para criar uma animação tridimensional. O bacana, porém, é justamente este tributo que a Gentle Giant presta a uma tecnologia precursora do cinema que conhecemos hoje, não deixando engavetada a sua história.

Estou pensando em usar meu toca-discos Sony tangencial estragado para montar um zootropo dessa nova geração. Ainda não tenho uma impressora tridimensional, mas eu acho que com durepoxi e paciência eu consigo!

Abraços ao pessoal do MSX Resource Center, ao professor Luiz Ferraz Netto e ao Jose Carlos Valle.

Artigo produzido para o Dicas-L



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