Estou terminando a leitura de um livro cuja história se passa no universo da moda: "The Devil wears Prada". Em reuniões de planejamento estratégico aqui na Solis comentávamos que nosso principal negócio era a inovação e nosso maior valor a capacidade de criar. Em uma das passagens do livro, a editora de moda Miranda Pristley compra um vestido Prada de 40 mil dólares. Sua assistente Andrea tinha a plena consciência de que aquele vestido dali a poucos dias seria copiado, tomado como base para outras criações e perderia o seu valor. No mundo da tecnologia as coisas não são muito diferentes. Nasceu o novo e ele já é velho um segundo depois.
Há uns dez anos participei de uma festa de lançamento de novas tecnologias da Sun, baseadas em Java. Foi exibido um vídeo onde até a coleira de um cachorro era "powered by Java", ou "Jinni", no caso.
Desde o princípio, o Java foi uma grande idéia. Uma inovação.
A aquisição de tecnologia acontece, muitas vezes, como a compra de algo que está na moda. Novas tecnologias viram objetos de desejo mesmo antes de estarem completamente implementadas. Quantas empresas já não compraram sistemas de ERP baseadas numa boa apresentação de um produto que ainda não existia. Hoje as empresas e seus CIOs estão bem mais preparados.
O Sicredi é uma cooperativa de crédito aqui do Rio Grande do Sul. É uma empresa que sabe muito bem como comprar tecnologia. Eles mantêm o seguinte princípio básico: a inteligência sobre o negócio, assim como o conhecimento total dos recursos necessários à gestão de sua execução, devem estar do lado de quem adquire tecnologia. Assim como outras grandes empresas, o Sicredi montou uma metodologia para o desenvolvimento, aquisição de tecnologia, avaliação de fornecedores e parceiros. Adotam tecnologia de ponta, o que há de mais novo. Assistem com critério ao desfile da passarela tecnológica mas não compram por impulso.
Entre inovação, inteligência e moda, a fórmula é simples: Quem quer vender, inova! Quem quer comprar quer algo que traga diferença, valor para os seus negócios! Isto vale sempre. Com a ressalva retórica de que o que é novo hoje, amanhã não vale mais.
Java perdura por causa das novidades, quer eu goste da linguagem ou não. Java é como aquele "pretinho básico" que, com um penduricalho ou outro aqui e ali, consegue se manter sempre na moda.
Agora, se eu fosse apostar em um novo modelito que vai durar, ficaria com o Ruby!
Este artigo foi escrito para o Dicas-L. Leia o artigo original para ter acesso aos comentários dos leitores. A repercussão foi tão grande que gerou esta continuação.